domingo, 18 de julho de 2010

ensaio sobre a falta de luz




terça feira deu um chuva horrível aqui na cidade do frio.. achei que fosse quebrar a janela da biblioteca ela com vidros grandes e mais a chuva de pedra ( bom pelo menos pareciam pedras.. não ia colocar a cabeça pra fora da janela pra ver se era mesmo..)

e ai eu no computador vendo coisas importantes para o futuro, sonhando em frente à uma tela de computador... cai a luz.. volta a luz ... cai de novo... volta a luz... cai de novo...decidi desligar da toma da o computador antes que ele queimasse... aí já estava naquele momento do dia em que começa a escurecer e ainda mais com a chuva... ficou preto o céu... meu ultimo vestígio de não isolamento do mundo era o celular... óbvio... fui falar no telefone.. aí quando em dei conta meu pai estava em casa quando ele derrubou uma caixa pois estava procurando velas... desliguei o telefone e vi que a bateria estava pela metade... pensei... “ putz, não sei que horas volta essa luz, e se eu ficar sem bateria ... como vou falar com ele??.. tomara que dure o tempo suficiente”

achei o raio da vela e coloquei em uns potinhos... o apartamento parecia uma igreja.. o que se é possível fazer quando está sem luz, nem a solar ajuda, quando não se está com sono, e não têm condições de sair de casa? bom... quando se tem uma boa companhia pode se fazer ótimas coisas... mas... eu tava sozinha... e aí fui fazer o quê?! comer... obviamente... resolvi que eu queria fazer mingau de chocolate... como eu não estava achando as colheres, fui colocando os ingredientes na panela meio que na louca... ok... misturei tudo na panela.. e vamos lá... vamos cozinhar... a luz do celular que foi me mostrando o ponto da gororoba que eu estava fazendo... ( ficou uma delícia... minha mãe perguntou qual era a receita... só disse que fui colocando “na louca” os ingredientes .. ela riu...)

mas enfim... aí .. eu o mingau fomos sentar no sofá... eu com velas ao meu redor, um cobertor no colo, só consegui pensar.. “TOMARA QUE EU NÃO COLOQUE FOGO NA CASA!”

mas, viajando e comendo o mingau percebi.. que estava me sentindo no set de filmagem do ensaio sobre a cegueira.. só que ao invés de perder a visão... estava sem LUZ! é... nada ligada à religião... mas estava totalmente isolada...

cheguei a conclusão de que a luz virou nosso sexto sentido... não é a intuição mas sim a LUZ! a visão é importante, o tato também, a audição primordial, o paladar e o olfato indispensáveis... mas a luz, essa comodidade se tornou inerte a quem pode enxergar...

da minha janela da sala, consigo ver de lado alguns apartamentos, foi lindo ver em alguns, velas acesas, pequenas centelhas de luz... fiquei comendo o mingau e pensando como seria a vida sem luz... como era a vida sem luz, com certeza apolítica da televisão em casa para redução de filhos não funcionaria, será que teríamos um ritmo de vida menos frenético? será que pararíamos o dia mais cedo? como será que seria nossa visão? será que nossos corpos se habituariam à falta de luz e assim desenvolveríamos uma supervisão? será que andaríamos com uma tocha de fogo pra cima e pra baixo? imagina aqui em Curitiba? sempre chovendo... seria sim realmente a cidade mais escura...

aí... eu olhava para fora da janela e via como os carros que geravam a luz das ruas, mas longe dos carros não se via nada... a chuva passou... o céu limpou... e havia um planeta lá... qualquer que brilha bastante... fugi das aulas de geografia... (eu estava lá, mas prestava atenção em outra coisa... ENFIM...) e minha mãe chegou... avisei que havia acabado a luz.. ela disse meio sem paciência, e perante minha fala óbvia... “ eu percebi, não estava conseguindo achar a chave de casa...” bom... ela colocou suas milhares de bolsas nas cadeiras da sala de jantar e eu avisei que havia feito mingau, perguntei se gostaria de comer, ela disse que estava com fome.. ela sentou no outro sofá, e comeu o mingau comigo, (como sempre tem algo pra ela reclamar... disse que faltou açúcar.. sendo que eu quase virei o pote de açúcar na panela... mas enfim..)

há semanas não sentávamos para comer juntas... se sentávamos... era porque era realmente necessário e no fim estávamos uma emburrada com a outra, ou ela gritando ... mas enfim.. sentamos e conversamos cerca de 20 minutos, conversamos sobre a falta de luz, sobre a falta de água da semana passada, sobre como esse prédio parece que vai desmoronar as vezes, sobre um mp3 que ela estava querendo comprar, sobre minhas considerações do texto que estava pensando sobre a falta de luz. o papo já não estava mais tão agradável, lá ia ela dizendo como eu poderia escrever o texto... respondi ríspida “deixe que meus textos escrevo eu, vá escrever os seus..”

levantei e disse que iria tomar banho, ela disse que iria pro quarto se deitar.. me perguntou se eu tomaria banho gelado... eu disse que sim... estava com as velas no banheiro, sem a roupa já, quando ligo o chuveiro... e vejo que deveria esperar mais um pouco, pois eu congelaria debaixo d’água... desligo o chuveiro ... e VOLTA A LUZ...

tomei o banho com as luzes apagadas,velas acesas, mas com chuveiro quente..

é realmente velas servem para dar um bom clima no banho... mas o chuveiro DEVE estar funcionando senão... não há vela que faça o clima ficar quente... bruuuuu....

será que um mingau aproxima pessoas?

R.k.



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