sexta-feira, 25 de junho de 2010

Teresinha II

o conheceu num meio de transporte diário, às 7:10 da manhã, com cara de cansada, mas empolgada pela nova vida. ele a fitou, sua calça era apertada, com uma amarra na cintura, e uma blusinha roxa, trocaram olhares, sabiam que se veriam por aí... estavam na mesma sala.. ela com o fim do relacionamento estava solteira e pretendia permanecer assim. cortou os cabelos, na altura do fim da orelha e ele se aproximou.

marcaram de se encontrar num bar, ela não sabia das intenções dele, ele não sabia que se apaixonaria. beberam, falaram o que pensavam, se beijaram. ela não se arrependeu, ele ficou com medo. uma volta no bairro para devolver uns dvd’s, e na decida ela perguntou: “sou uma aventura para você?” ela queria um posicionamento do cara que tanto se dizia maduro e experiente. ele respondeu com uma música. foram assim ficando, ele sem se entregar, desconfiando de tudo o que viviam, e ela com uma vivacidade e espontaneidade que o colocava contra a parede. sempre saiam, ele sempre com o mesmo objetivo, e ela gostando dele cedeu. ao darem as mãos pela primeira vez, todos se espantaram “olha só! eles estão juntos...”

musicas melancólicas os envolviam, sambas tristes, sambas de fim de romance, mas estavam juntos, nas rodas de músicas, ele a seduzia com seu jeito de malandro e com cara de despreocupação com a vida. dois acordes e ela descobria o nome da música, “luz dos olhos”.

tudo parecia perfeito, até que o ciúme dele a deixava maluca, não havia motivos, ele fazia com que ela se sentisse mal, a provocava de todas as maneiras possíveis. e ela permanecia ao lado dele, resignada e passiva. eles brigavam, ela chorava, ele machucava o coração dela, e depois a pedia perdão, ela cedia.
acordava cedo, 6:00 para ver ele no domingo, único dia em que podiam ficar juntos sem se preocupar com as horas, mesmo com o convívio diário queriam se ver. enfim, lá ia ela, andando por um caminho com arvores, arvores que lhe davam medo, por isso passava correndo, mas chegava bem a casa dele. o coração palpitando de alegria, e ele a recepcionava com a cara de sono característica e o mal humor da noite mal dormida. mas lá estava ela. ele estava comprando um lugar para ele, inserindo ela em seus planos, ela escolheu o numero do apartamento, mas ele já escolhera como seria o futuro dela, sem a perguntar como ela gostaria.

passou o tempo, pessoas novas que conhecia, trabalho novo ela estava se vendo diferente, cortou ainda mais os cabelos. quando ela já não estava mais tão envolvida por tanto ser magoada ele se entregou, ele comprou alianças. estavam perto do fim, isso também coincidiu com a época do fim do ano. presentes trocados, ela não usava a aliança, um livro sem dedicatória, foi motivo para mais uma briga.

tudo era motivo para uma briga, ele falava, falava, falava, e ela sempre em silêncio, sabia que não merecia escutar o que escutava, lágrimas ainda rolavam de seu rosto quando decidiu que não agüentaria mais aquele sofrimento.

se desvencilhou, meio que fugiu, não queria ver. sabia que ele agora choraria, não queria ver pois sabia que não queria mais nada.

uma história que saíra da cabeça dele, junções de conversas antigas, fizeram ele crer que ela o traía com seu amigo. se era a forma dele de a trazer para perto, foi a maneira mais errada, ficou com um tremendo ódio, raiva, ela jamais dera motivo pra ele desconfiar dela.. foi o estopim, tudo o que não falara em 7 meses falou em uma manhã inteira, era um misto de raiva com indignação mas respeito pelo que viveram juntos. o que ambos enfrentaram para tentar serem felizes juntos era pra se valorizar. mas não era maior do que estava engasgado em sua garganta... estava decidida a não voltar atrás..

nem com caminhos de pétalas de rosas ela voltou atrás. queria algo diferente, algo que a fizesse querer ser mais, e não que a diminuísse. foram felizes por algum tempo, ela enquanto sofria e ele quando ela já não mais queria estar junto. ela queria o perfume das rosas... e não tapetes das mesmas.... foi em busca das mais belas flores. ... não olhou para trás... tinha as muitas certezas em seu coração de 17.



“me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração
mas não me entregava nada, e, assustada, eu disse não!”



Teresinha (estrofe dois) - Chico Buarque


R.K.

Um comentário:

  1. Lembro de ter passado por aqui visto o texto e não lido, pensei em comentar, pensei em várias coisas e compreendi que onde começa esta história um ano antes de tudo, no final do ano, no final do primeiro ano sem ela, deste ano sem a outra... a razão eu sei, por mais coisas que diga ou faça são perdoaveis, mas com isto por cima não dá, foi assim uma foi, outra foi e outra, últimos natais e ano novo foram repetições dos 3 anos anteriores, quando apenas queria passar em casa sozinho no meu quarto assistindo roberto carlos, sem angústias ou erros, feliz ano velho, é tereza um dia agente se cansa, cansa de tudo.

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